Francisco Esperança – que matou à catanada a mulher, a filha e a neta – foi violentamente agredido na prisão de Beja antes de se suicidar numa cela do Estabelecimento Prisional de Lisboa (EPL).
A autópsia, apurou o SOL, não deixou margem para dúvidas: apesar de ter confirmado a morte por asfixia na sequência de enforcamento, o exame revelou ainda a existência de múltiplos hematomas em todo o corpo, incluindo na cabeça.
O director-geral dos Serviços Prisionais, Rui Sá Gomes, nega, porém, o sucedido, alegando ao SOL que o recluso «não foi alvo de qualquer agressão física» e que «foram tomadas todas as medidas de segurança necessárias».
A verdade é que, já depois deste incidente, o homem (que tinha sido transferido na tarde de sexta-feira para o EPL justamente «por razões de ordem e segurança») acabou por se enforcar com lençóis da cama.
Rui Sá Gomes, que mandou abrir um inquérito interno, voltou a garantir que foram acautelados todos os procedimentos de segurança: «No período que permaneceu sozinho na cela, entre as 21h15 e a 1h da manhã, hora em que foi encontrado sem vida, foi objecto de vigilância através de várias rondas».
Mas muito está ainda por esclarecer, desde logo a frequência das rondas, já que, no espaço de quatro horas, nenhum guarda deu conta de qualquer movimento suspeito no interior da cela, situada na cave (os chamados ‘baixos do EPL’). O inquérito deverá esclarecer se de facto foram dadas, e cumpridas, instruções para uma vigilância apertada ao arguido.
Além disso, o enfermeiro que examinou Francisco quando este entrou na cadeia garante não ter detectado qualquer perturbação no comportamento do recluso, que estaria «calmo, consciente e orientado» e «sem queixas de dor». A verdade é que, sete horas depois, os guardas prisionais encontraram Francisco morto.
Por explicar estão também os critérios que levaram à escolha do EPL, já que neste estabelecimento não existe qualquer ‘cela especial de segurança’ – espaço almofadado, sem objectos ou pontos de apoio que possam facilitar actos suicidas. Celas deste tipo existem, por exemplo, no estabelecimento prisional do Linhó, em Sintra.
Sem comentários:
Enviar um comentário