Portugal teve em 2011 um dos piores registos de vendas de música, entre todos os países que integram a Federação Internacional da Indústria Discográfica (IFPI), disse hoje à agência Lusa o director-geral da Associação Fonográfica Portuguesa, Eduardo Simões.
No que toca a vendas de música em formato físico, maioritariamente composto por CD ou DVD musicais, Portugal registou no ano passado uma quebra de 34,4 por cento, o que faz com que o país tenha dos piores resultados em todo o mundo, só superado pela Grécia.
Em 2011 as editoras venderam às lojas de música cerca de 4,4 milhões de CD e cerca de 451 mil DVD musicais, segundo dados fornecidos à Lusa pela Associação Fonográfica Portuguesa (AFP).
Numa década, a facturação do mercado nacional português recuou mais de 80 por cento.
O cenário de «quebras brutais», pela descida consecutiva na facturação das editoras discográficas em Portugal, é preocupante, disse Eduardo Simões, mas o que se acentua é a discrepância em relação a outros países e «a ausência de medidas que protejam o sector».
A principal causa apontada por Eduardo Simões para esta quebra acentuada é a pirataria digital - a partilha e o descarregamento ilegal de ficheiros de música na Internet - e a falta de regulamentação legal nesta matéria.
A isto acrescenta-se a perda de poder de compra do consumidor, a tendência dos artistas se autoproduzirem em termos discográficos e um mercado digital legal que está «num estado embrionário inaceitável face ao desenvolvimento tecnológico» no país, como referiu o relatório da IFPI de Março passado.
«Se juntarmos o mercado pequeno com os problemas de crescimento negativo que tem tido nos últimos dez anos, isso afasta qualquer investidor para estar presente no mercado português e isso é que pode ter consequências dramáticas em termos culturais», alertou o director-geral.
Apesar dos maus resultados e da «crise profundíssima do mercado nacional», como descreveu Eduardo Simões, os portugueses estão a comprar mais música portuguesa do que estrangeira, representando desde 2010 cerca de 35 por cento do bolo total de vendas.
Uma das razões destes valores é a introdução de quotas de difusão de música portuguesa na rádio. «No total, a quota de música portuguesa é maior e esse é um dos poucos indicadores positivos», disse.
A AFP representa as maiores editoras discográficas a trabalhar em Portugal, como a Sony, a EMI ou a Universal.
As editoras independentes, pela qual têm saído nos últimos meses vários álbuns de música portuguesa, como a Pataca Discos, a Meifumado, Mbari e Lovers&Lollypops, representam entre cinco a seis por cento do mercado total.
Lusa/SOL
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