quarta-feira, 18 de abril de 2012

Portugal entre os piores do mundo em vendas de música

Portugal teve em 2011 um dos piores registos de vendas de música, entre todos os países que integram a Federação Internacional da Indústria Discográfica (IFPI), disse hoje à agência Lusa o director-geral da Associação Fonográfica Portuguesa, Eduardo Simões.
No que toca a vendas de música em formato físico, maioritariamente composto por CD ou DVD musicais, Portugal registou no ano passado uma quebra de 34,4 por cento, o que faz com que o país tenha dos piores resultados em todo o mundo, só superado pela Grécia.
Em 2011 as editoras venderam às lojas de música cerca de 4,4 milhões de CD e cerca de 451 mil DVD musicais, segundo dados fornecidos à Lusa pela Associação Fonográfica Portuguesa (AFP).
Numa década, a facturação do mercado nacional português recuou mais de 80 por cento.
O cenário de «quebras brutais», pela descida consecutiva na facturação das editoras discográficas em Portugal, é preocupante, disse Eduardo Simões, mas o que se acentua é a discrepância em relação a outros países e «a ausência de medidas que protejam o sector».
A principal causa apontada por Eduardo Simões para esta quebra acentuada é a pirataria digital - a partilha e o descarregamento ilegal de ficheiros de música na Internet - e a falta de regulamentação legal nesta matéria.
A isto acrescenta-se a perda de poder de compra do consumidor, a tendência dos artistas se autoproduzirem em termos discográficos e um mercado digital legal que está «num estado embrionário inaceitável face ao desenvolvimento tecnológico» no país, como referiu o relatório da IFPI de Março passado.
«Se juntarmos o mercado pequeno com os problemas de crescimento negativo que tem tido nos últimos dez anos, isso afasta qualquer investidor para estar presente no mercado português e isso é que pode ter consequências dramáticas em termos culturais», alertou o director-geral.
Apesar dos maus resultados e da «crise profundíssima do mercado nacional», como descreveu Eduardo Simões, os portugueses estão a comprar mais música portuguesa do que estrangeira, representando desde 2010 cerca de 35 por cento do bolo total de vendas.
Uma das razões destes valores é a introdução de quotas de difusão de música portuguesa na rádio. «No total, a quota de música portuguesa é maior e esse é um dos poucos indicadores positivos», disse.
A AFP representa as maiores editoras discográficas a trabalhar em Portugal, como a Sony, a EMI ou a Universal.
As editoras independentes, pela qual têm saído nos últimos meses vários álbuns de música portuguesa, como a Pataca Discos, a Meifumado, Mbari e Lovers&Lollypops, representam entre cinco a seis por cento do mercado total.

Lusa/SOL

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