O impacto do resgate da Bankia está a sentir-se nos mercados, com o risco da dívida espanhola a atingir níveis recorde.
Pouco depois da abertura dos mercados, o diferencial entre os
títulos alemães e espanhóis a 10 anos atingiu os 506 pontos base, com o
juro pelos títulos espanhóis deste prazo a chegar aos 6,415%.
Receios sobre a capacidade do Governo espanhol resolver, sozinho, os
resgates no sector bancário podem, globalmente, custar 50 mil milhões de
euros, avança hoje o jornal El Mundo.
Em causa está, particularmente, a situação das entidades Catalunya
Caixa, Nova Caixa Galicia e Banco de Valencia, que foram alvo de
intervenção do Estado, e que o Governo pode não conseguir agora "vender"
sem antes sanear as contas.
Uma situação que, a somar-se aos elevados défices das comunidades
autónomas e às suas dificuldades em financiamento, podem, segundo o
jornal, empurrar o executivo a aceder ao Fundo de Resgate europeu para
salvar a banca.
Depois de estar suspensa de negociação na sexta-feira - à espera da
reunião do Conselho de Administração, que solicitou um resgate adicional
de 19 mil milhões de euros (a somar aos 4.465 milhões de euros já
injetados na Bankia) - os investidores voltam a penalizar a entidade.
Na abertura da sessão, e depois de retomar a negociação, as ações da
Bankia caiam 26,75%, para 1,150 euros, com um valor ainda acima do
atribuído por vários investidores, alguns dos quais falam já de um
"preço objectivo" de 0,20 euros.
O Bankia é o banco de Espanha mais exposto ao sector imobiliário em
crise, com uma carteira setorial de 37.500 milhões de euros,
problemática na sua quase totalidade (31.800 milhões), devido à
incerteza do seu valor, por corresponder a situações como crédito
malparado ou casas penhoradas.
Hoje deverá ocorrer o mesmo com a holding da Bankia, a BFA, que
também deverá rever as suas contas de 2011, acumulando as perdas da
Bankia mas também perdas adicionais. Analistas antecipam que será o pior
resultado de sempre de um banco em Espanha.
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